terça-feira, 17 de maio de 2011

4E D&D: Essentials vs Classic

Tenho visto atualmente uma discussão acirrada dentre jogadores, sejam eles brasileiros ou americanos, relacionado as mudanças que o D&D 4E tem sofrido nesses últimos tempos, sobretudo a partir do lançamento do D&D Essentials. Uma discussão válida, interessante e muito importante para os fãs do jogo. Eu, pra lhes ser honesto, não cheguei a ler os livros do Essentials, e tão pouco sei se pretendo fazê-lo nos tempos próximos, mesmo porque o feedback que recebi da maioria dos jogadores é completamente desfavorável. Aliás, esse feedback tem me levado a pensar: porque insistir na linha essentials se aparentemente ninguém gostou dela??? Esse me parece ser o mistério no momento, porque eu ainda não vi um jogador de D&D dizer: "puts, acertaram em tudo com o Essentials, ficou muito mais legal"!

Da minha parte, baseado no que tenho visto, me parece que a Wizards ficou preocupada com a concorrência que o Pathfinder acabou se provando para a empresa, o que é no mínimo irônico (o sistema que nós abandonamos e disponibilizamos para os concorrentes é o que mais fortemene nos faz frente atualmente). Assim, o Essentials resgatou algumas das concepções de game design da terceira edição (classes mais diferentes umas das outras no que concerne as mecânicas, mas com menos opções) talvez em busca desses jogadores que preferiram migrar para o Pathfinder. Mas o grande problema é que a Wizards estava ERRADA! A mudança da terceira edição para a quarta foi MUITO drástica, arrisco dizer que ainda mais drástica do que a da segunda edição para a terceira edição. A possibilidade de intercâmbio do material da terceira para a quarta edição é praticamente nula! Sobretudo se considerarmos que eles fizeram mudanças bastante ascentuadas no cenário e cosmologia clássica do D&D. Eu mesmo não gostei do que fizeram com Forgotten Realms e embora jogue a quarta edição, uso a maioria dos cenários da segunda ou da terceira edição (basicamente, Planescape e Forgotten Realms). O que quero dizer é que de certa forma me pareceu intencional a quebra de continuidade da terceira para a quarta edição. Isso ficou especialmente claro pra mim com o que fizeramos em Forgotten Realms, um salto enorme na história, o papo de Abir e Toril serem mundos separados que se uniram e o assassinato de quase todos os NPCs icônicos do cenário. Isso, essas mudanças, foram bastante arriscadas, pois era óbvio que corria-se risco de perder de vista os jogadores que continuavam com o D&D por conta dos cenários que amavam, e não por conta da mecânica falha da terceira edição. Esses que migrriam sem maiores problemas para a quarta edição não fosse a quase recliclagem completa e seus cenários favoritos. Observem que eu cito esse fator porque foi o que mais me entristeceu a quarta edição, mesmo tendo eu migrado pra ela (consideando meus dois cenários favoritos).

A Dragon Magazine e a Dungeon, revistas mensais online disponíveis aos assinantes do D&D Insider (e daqueles que não são contra pirataria), já mostraram que o foco da Wizards a partir de agora será na linha Essential. Chego a imaginar que eventualmente eles irão abandonar completamente o Classic, o que, na prática, faz do Essentials uma espécie de 4.5E. Na época da terceira edição eu assimilei essa transição de forma bastante drástica (de 3.0 para 3.5), sobretudo porque eu já tinha MUITO material de 3.0 (tudo lançado no Brasil, pois naqueles tempos eu ainda comprava material traduzido pela Devir) mas ao mesmo tempo percebia que as mudanças eram realmente necessárias ao jogo, que era ainda mais desbalanceado. Hoje, entretanto, não vejo razões para uma mudança nesse nível. A 4E tem funcionado bem, pouquíssimas vezes tivemos problemas com regras mal formuladas ou com classes desbalanceadas. Aliás, a única coisa que meu grupo percebeu é que o Wizard continua uma classe um pouco mais poderosa do que as outras (incluindo os outros Controllers), mas ainda assim incapaz de eclipsar o brilho das outras classes e, logo, dos outros players.

As pequenas mudanças necessárias ao jogo, fruto do feedback dos jogadores de D&D a redor do mundo, podiam ser facilmente acessadas por erratas online (ou mesmo nos novos livros lançados) e o Character Builder garantia que seus personagens ficassem bem atualizadinhos (e, cá entre nós, não existem motivos para não se usar o CB para criar personagens - eu que prefiro o antigo e velho papel e lápis, simplesmente peço que os jogadores passem a limpo as informações em suas fichas, pois não suporto notebook na mesa de jogo, por uma série de razões).

Qual o ponto dessa discussão, portanto? Bem, acho que ela casa com a proposta desse blog por uma razão bem simples: o que será de nós, jogadores de D&D 4E que preferimos o Classic em detrimento do Essentials, daqui pra frente? Puts, que lindo que isso tá acontecendo! Quando saiu a quarta edição eu fiquei um pouco preocupado com a parte de customização do sistema, que é realmente um pouco fechado. Como criar, por exemplo, uma nova classe, sendo que não temos idéia de quais parametros eles usam para a criação de powers nível a nível (os daily powers de nível 1 costumam ser melhores que os de nível 5, e as vezes até mesmo dos de nível 9, e isso acontece com os encounter e utility também, o que mostra que não é tão simples quanto "quão mais alto o nível, mais poderoso")?. Meu trabalho com o swashbuckler exigiu ir passando de classe em classe, lendo cada habilidade, comparando cada uma delas, para, enfim, trazer uma classe baanceada, pelo menos no que concerne aos powers. Tentei incorporar da melhor forma possível os feedbacks que recebi no Enworld (acho que o thread foi deletado, depois de um tempo sem entrar lá no forum) e agora espero ansioso os feedbacks brasileiros para continuar o trabalho, porque eu sei que dá bastante trabalho propor uma coisa assim, uma nova classe!

Mas, bem, esse é o momento dos jogadores se apropriarem de seu sistema favorito, que não foi tão bem quanto se esperava comercialmente, mas que ainda assim agradou enormemente uma grande quantidade de jogadores. Isso é o que eu tenho proposto a mim mesmo, não me incomodar tanto assim com a carência de suplementos e me permitir criar material próprio, por mais trabalhoso que seja. A internet permite esse movimento, e ainda que a gente possa transgredir algumas leis de copyright, acho que não existem problemas maiores se tomarmos por princípio que esse é um trabalho de fãs para fãs e que não possui fins lucrativos. (Digo isso sem a mínima referência, por que nunca li a licensa do D&D. Criar uma nova classe é quebra de copyright? Acho que não, porque não reproduzi nada dos livros da Wizard, que não o formato de apresentação).

Eu sinceramente acho que já temos material suficiente. Digo, pelo menos para os jogadores. o conjunto formado pelo Players 1 e 2, Players Guide (FR) + os Arcane, Martial, Primal e Divine power já apresentam possibilidades suficientes para infinitas mesas de jogo sem precisar ficar se repetindo. Some aí o Players 3 (que eu não gostei e por isso tirei DA INHA LISTA). As pequenas carências (como um controller martial) acho que nós mesmos podemos remediar.

É claro que muito melhor seria se a Wizards continuasse seguindo a linha "classic", mas pior seria abandonar de forma indiscriminada um sistema que nos agrada e que, mais importante, nos basta, simplesmente porque os Magos da Costa decidiram fazer mudanças. Se essa mudanças não nos agrada, por que seguir em frente? Tem um tempo que vejo reclamações que a Wizards se fechou para a opinião dos jogadores, para o feedback deles. Não só jogadores, mas mesmo eventuais empresas parceiras. Me parece até mesmo que a Wizards tem cavado para si uma cova rasa, uma potencial desistência da Hasbro, talvez? Ou, no mínimo, um descaso com um hobby que mesmo nos EUA é bem seleto e restrito. Eles que continuem com sua lindíssima linha de boardgames então! Para nós, jogadores, que optamos por um hobby que carece de imaginação, criatividade e até mesmo uma certa dedicação, isso não é um problema! Podemos nos bastar com o que nossas próprias mentes podem nos oferecer...

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu ainda faço parte do coro que diz que NÃO, Essentials não é um 4.5, as classes não apresentam essa alteração ou mesmo a impossibilidade de serem jogadas juntas

as classes Essentials se diferenciam das classes Classic basicamente na sua apresentação e no seu formato easy-user (facil de usar), mas não apresentam mecanicas diferentes em relação as outras classes

ou melhor dizendo

não apresentam mecanicas muito diferentes em relação ao que já era observado anteriormente

por exemplo, a diferença mecanica de um Knght, Cavalier, Figther (ou Weaponmaster como ele é chamado agora) e Paladin é relativamente a mesma

e vc 100% de possiblidade de usar, sem problemas, as tres classes nos eu jogo

e a Wizard NÃO abandonou as classes Classic, nas ultimas Dragon por sinal elas vêem atualizando todas elas num formato, só o formato, de apresentação do Essentials, mas sem nenhuma alteração mecanica nelas (tirando as erratas)

Jack Frost disse...

Cara, se você refletir bem, vai perceber que as mudanças que o D&D 3.0 sofreu na transição para a 3.5 foram ainda menores que o D&D 4E sofreu para o Essentials. A Wizards dizia a mesma coisa, que os materiais da 3.0 não deixavam de ser compatíveis, mas na prática rolou sim uma transição.

A essência das regras mudou muito pouco, e as mais importantes foram ajustes nas classes, monstros e magias. No D&D 4E tivemos uma reformulação completa do design das classes: pra mim uma mudança muito mais radical do que a da época da 3.0 ~ 3.5!

Não li as últimas Dragon Magazine, mas ao que parece a Wizards já declarou que vão priorizar a "linha" Essentials. Pra mim não quiseram colocar um .5 na frente do 4 para não enfurecer seus fãs, mas na prática a trnaisção foi ainda mais drástica que a anterior!

Anônimo disse...

Mas cara, essa é a questão

o Essentials não mudou as classes

o Essentials criou novas classes, que podem ser jogadas sem problemas com as classes Classicas

sem falar que as classes Essentiasls não quebram a metodologia das classes Classicas, pode analizar os "poderes" das classes Essentials que vc vai observar o mesmo pareamento de organização dos poderes das classes classicas, só muda que com um direcionamento diferente

a Wizard NÃO abondonou as classes Classicas, as materias da Dragon que me refiro (o Class Compendiom) estão DE GRAÇA no proprio site oficial do D&D

chamar Essentials de 4.5 é um erro, a mudança nem de longe é tão radical quanto foi do 3.0 para o 3.5